sábado, 24 de dezembro de 2011

Ana Maria não sabe

De um lado ao outro
entre idas e vindas,
ao som mascado de
Billie Holliday  ou Sonic Youth,
Ela se desbarrancava em lágrimas.

Minhas mãos cheirando
a maracujá industrializado,
um pouco de cerveja
um pouco de tabaco
a repetir insignificâncias,
a repetir, repetir...repetir-se.

ela não sabe que dançamos roda,
que estamos de mãos dadas
e que nesse enquanto,
bebemos chuva!
Ah, se ela soubesse dos furos da parede!
Ah, se a parede soubesse dos furos dela!

As crianças brincam de roda
estão acesas pela iluminura do poste.
Mas ela não sabe, e inventa.
Inventa um dialeto febril
palpado na fome e na magreza infantil.

De um lado ao outro
entre idas e vindas,
ao som rasgado de Jamelão ou Lirinha...
As paredes são tão inanimadamente brancas
que escorrem e respiram as lágrimas dela
que não sabe!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Lesbian Visited

Eu vou virar uma Lésbica,
Só pra ter no corpo
o besunte das orgias plásticas.

Eu vou virar uma Lésbica
só pra causar o fetiche
no menino moço
e suas fantasias de revista.

Eu vou virar uma Lésbica
só pra aguçar o desejo
do mancebo de olhos verdes
em seu infinito íntimo.

Eu vou virar uma Lésbica
só pra ser amamentada
pela menina maluquinha
de quinze anos

Eu vou virar uma Lésbica
só pra beber o sulco gástrico
sêmen digestivo
da freirinha purificada
de boquinha apertada.

Eu vou virar uma Lésbica
só pra desfrutar do apelo
do galã sem sal
das novelas mexicanas
e seus jargões infláveis.

Eu vou virar uma Lésbica
só pra inflamar
a veia chama
do pênis flácido!

Eu vou virar uma Lésbica!

Pois não desejo mais o Amor dos homens
pois não desejo mais Amar feito homem
(subitamente)

Eu vou virar uma Lésbica
só pra trepar amar lamber
sugar gemer tocar...
Na profundidade de uma mulher
( profundamente)

sábado, 3 de dezembro de 2011

A porta da Casa aberta

O piano regendo às calçadas,
Vícios, beatitudes, fogo.
Se arrastam, os blocos
por madrigais desabrochados.

Sem cura vamos nos serpenteando
ao mal que sobra
temos noites, ácidos e pele
vamos às raspas

nos abrindo feito porta
deixando entrar
um meio amargo de flauta doce
a violentar nossos dias pequenos.

O piano regendo às calçadas
noite a dentro, dentro do eu
lírico, ou prelúdico, ou gripado.
A porta da Casa aberta

Deixei entrar, desabrochar, se espalhar
o ocre doce do perfume, tinta fresca
não vi sair. A porta da casa aberta.
- Eu que só queria o cheirinho de mulher...

Lúdico, cansado, esvaído
o piano a reger as calçadas.
o cheirinho ido,
partido, sofrido, querido...Longe!


sábado, 29 de outubro de 2011

Amarelo, amarelado.

Sob esta manhã cinza
deixei meu corpo cair brevemente,
meu pequeno corpo ausente de tudo.
Amarelo, amarelado, caído,
Amarelado são os olhos,
o pâncreas, o fígado, o riso.
Caído, inerte, puído.
O mundo está amarelo,
cigarro filtro amarelo aceso.
A solidão está acesa,
Alheio está o silêncio à frente
do verbo prolongado, cansado,
conjugado em terminação -er:
ser
vencer
escorrer
nascer
crescer
morrer.

Os sonhos estão morrendo
em versos escorridos,
os vícios escorrem as ladeiras vãs
enquanto meu corpo cai brevemente,
amarelo, amarelado.
Minha boca tem gosto de café
e o cheiro de terra molhada
vai me entardecendo.
Tenho pés descalços
e um silêncio perdurado.
Tenho sobras, rascunhos e alma.

Esta manhã
sentei-me à varanda
e vi o céu morrer
amarelo, amarelado.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nossos dias, foram dias atrás...

Nossos dias, foram dias atrás...

fomos sós, somente nós
normalmente nus
nos bulindo à Almodóvar,
nos sentindo carne
na mescla verde-oliva
de tapetes, sofás e comida.

Lembro de me ter sonhado sóis
e do olhar permissivo
das palavras de Neruda!
Dignidade:
De soslaio, ela está nua
e eu digno do rubor de sua palidez.

Despia-se com a inocência
de quem pede um cigarro
e fuma-o com sorrisinho
de quem traga saudade
daquilo que um dia foi
apenas um aceno de adeus.

nossos dias, foram dias atrás...

gememos com comprazia, um pouco
pedimos vida emprestada um ao outro
nascemos por instantes, soltos
baforamos cigarros, loucos
e nos sujamos, silenciosamente.

e nossos dias, foram...

Ao som das páginas viradas dos livros,
voltou-se ao receio dos dias insossos
amordaçou-se num silêncio limpo
e deteve-se a olhar-me em julgo,
carpiu-se num choro chocho
cuspiu-me à boca sorrindo súbito.

E... sem mais tardar
levantou-se, livremente
vestiu-se, lindamente
olhou-me, brevemente
beijou-me a testa, honestamente

e saiu assim, indo assim. Infinda...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

... noite, ou gosto

Embeleza o fogo, em curto
céu pesado, colorido
em giz de cera, desbotando
chuva em desenho de criança
na calçada, meio fio,
banco, descanso, cama.

Olhos pendurados à estrela
parados pairando o ver azul escuro
cores de agosto
a gosto de deus sabe lá quem
eu gosto em silêncio
a contra gosto do que quero.

Versos lira música
Teatro cinema dança
ela de pés descalços
unha vermelha, vinho
a valsar em prosa, o tédio.

Eu nu deitado sozinho
à cama, esperando
o peso da vida
amargo da língua
poesia sem rima

O céu pintado de giz
enfeitando o sol
desbotando a chuva,
no céu desenho colorido.

Sorte a minha,
amanhecer criança
sem fuga, noite
ou gosto.

sábado, 30 de julho de 2011

Lá estão eles, sob o gozo e as marquises

Lá estão eles, paridos do artífice concreto
ao barato às esquinas
se consumindo aos montes
se bulindo aos montes
se bocejando ao mesmo ar.

Poeira, pólvora
mãos em vãos destinos
Ruas a janelas
a se promiscuizar em falsidade ideológica.

Um dia perguntei
se ninguém se incomodava
com as semividas
que se deliravam às marquises.

me sorriram miúdo
me olharam vendidos
me poetizaram
me disseram "não".

então o dia finda
morre esvai se cala
eu me calo me esvaio
me findo deito.

e do alto me masturbo
sob muriçocas saúvas
abastados abolidos
narcisos gente.

e me gozo
um entristecer pálido
vil mesquinho lambuzado
tímido satisfeito.

-Noite leve pra ti ó moço!

enquanto nitidamente
lá estão eles
a se consumir se bulir
se bocejar nas esquinas de um real

e eu no quarto semigozo
e eles nas esquinas semivida.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Basta-me ter luz nos olhos!

Eu já não aguento mais desdizer
esse mel na cachaça
Esse arder de sol sem gosto
vasos de plantas sem jardins
e flores murchas
que eu insisto em mal regar.

E no calado de luz caída,
o sorriso se evadindo à janela,
no véu de lua, azul poente
carne ventre pele carma
e sonhos de libido em papéis de bolso.

e esse mel na cachaça...
Valei-me o cigarro,
agora aceso
a embotar a solidão sincera
sob a ausência nua
que se esparrama a cama

e esse mel na cachaça a embebedar
esses nossos dias
tão mais além de nós mesmos.

Valei-me, agora, a língua
brincando
o verbo calado
e a luz nos olhos,
agora, a me bastar!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A poesia O murcho O azedo

Sob a luz neon do bar
esvaem prematuros
os primeiros goles
etílicos do Rock n' blues

Invade-me respira-me
em ardidas doses de cinza chumbo.
Em olhos de cor acesa
o ocre o verde quase musgo
das paredes sem vento.

O ar não mais
a me penetrar
O rock n' blues...
O cigarro pelo filtro..
As vozes todas...

O girar descascado do teto...
O vômito...
O cheiro...
- é conhaque!

O vômito...
O cheiro...
- é conhaque de alcatrão!

Narcisei-me na água-urina
que o chão traga.
Sob a luz neon do bar...
A poesia O murcho O azedo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Vai saber...

Hoje morreu alguém.
Morreu hoje o filho de alguém
Esposo, pai, sobrinho, primo
Vai saber.

O céu hoje avisa,
sem porvir de anunciação
ou nota de falecimento.
- morreu alguém.

Homicídio, toxoplasmose
engasgado, suicídio
desgosto, infarto...
Vai saber.

Hoje alguém deixou de ser
sorrir brincar ter medo

Hoje alguém chorou
esposa, mãe, sobrinha, prima
Vai saber.

Hoje morreu alguém...
Morreu hoje o filho de alguém...
Por hoje, alguém deixou
de sorrir brincar ter medo...

Vai saber...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Requiem de corpos ao Éter

Corpos ao éter
celeste;
espaço entre sóis
e os sonhos, nós
ao vento, brisa.

Caídos ao desfolhar do outono
pluma, descompasso em passo
sem sede, sem tato
ofuscando ao lento
relento, sem alpendre, sem lume.

Escuro sem teto, noite
madrigais escancarados
ao vácuo que se estende
por ruas sem finais.

E no medo que a mão segura
cura, e no veludo toque do avesso
me descabaço
ao ar nascido aberto

dia... ou... seria lua?

Requiem de corpos ao éter
nós, ao vento
nos desfolhando ao outono
brisa...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SAUDADE EM CHUVA


chove como chove
a noite inteira o dia todo
chove como chove
e não para de chover

e na varanda lá de casa
disfarço-me em sorrisos
pois a lembrança bate lenta
na saudade

e no peito, pranto doce
vira grito
que se prende na garganta
no silêncio de domingo

e é na mesa da cozinha
com o almoço já servido
que o tempo para
no vazio da cadeira

e no barulho
quase lúcido que se fez na telha
a chuva me lembrou que ainda
chovia e não parava de chover.


                                                                   à Yolanda Casa Nova,
                                                                   minha eterna vovó Landa,
                                                                  saudades infindas sentidas
                                                                  partidas aos sorrisos nossos!

sábado, 16 de abril de 2011

Agora: o dizer do silêncio

Agora sei dizer o silêncio
e sei sorver a periclitancia da angustia,
mas, devo insinuar
que o que me move é o sentido
gosto da terra
Debulhar o trigo
e copular ao sexo,
no sabor dançante
que a terra uiva.

Vão indo as notas musicais
a violar meus celestinos, marias
e morte severinas
ao labor que a mão se cansa
 - tenho as mãos sujas!
E quando o ardor transbordar
a poeira azular,
que a chama em transe respira,

vai à pequenez, nossa de cada dia
a se perder no assovio verde olhar
dum rosto magro
que a morte ronda.

Eu tenho pensado na terra,
no sexo, nas macumbas,
na nódua que se escorre aos poros,
no cheiro de goiaba*
e no coração amarelo*

Agora sei dizer o silêncio
e sei engolir em silêncio
a tosse ardida da cachaça.


                                                                           *cheiro de goiaba-gabriel garcia marquez
                                                                           *coração amarelo-pablo neruda

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Meu, Seu, Girassóis

Tenho girassóis,
café e cigarros.
Tenho notas imprecisas
de nomes sem nomes.
rabiscos. canudos. alfinetes.

Tenho um talvez
de beijos partidos,
em boca. sangue. suga

tenho em mim um vadio,
ao enquanto cor de fumo,
um pré-molar dolorido
e um dedinho de prosa dentro dum copo!

Ela tem notas cruas
de poesias sen rima
guardanapo. colibrís. colírio

ela tem goles de cerveja barata,
flores no jardim. vestido sem flor. caracol no cabelo.

Ela tem uma gaita,
um blues sem bis,
uma corda sem nós!
e persianas abertas pros meus girassóis.

domingo, 3 de abril de 2011

Sem por aí...

Por ai...me vou, ao acaso,
destilando e me embebendo
da comprazia ébria
sem alcalóides dos loucos.

Por ai... me vou, ao amor,
que me finjo não estar,
em riso pequeno, em medo da chuva,
em boca miuda, apenas me vou.

Por ai... me vou, a merda!
consumindo a pasmaceira
escarnada, que me sobra em silêncio!

Por ai... me vou, ao puro
e me deixo ir, ao afogue das águas,
aos soluços insones, aos cheiros secos,
sem éter ou céu!

Sem por aí,
ou porvir que me falte,
sem que me arda a noite,
vou a febre!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Azul Nublado

Nesse dia azul nublado
seguem os transeuntes a respirar um céu grosso
e na ausência cor de cinza,
que se perdem à mingua os olhos,
se diluem por ruas sem cheiro.

Eu não estou aqui
para vê-los embassasr o reflexo em vidro
nem pra coisa alguma
que se exista sem ver.

Nesse dia azul nublado
seguem os transeuntes a espreitar a chuva miúda
a sentir a brisa rala
a tocar o silêncio dos olhos
que não mais marejam o chumbo.

Eu não estou aqui
pra vê-los engasgar em bocas sem riso
Eu me perdi por aí
quando não mais me precisei estar.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ou..Ou se...

E se o tempo nascesse de um ovo?
Ou se nascessemos dessa casca oca,
enquanto nasce o sol breve e sem pele?
Ou se findassemos num cigarro ócio?

Ou...Ou se...

Se ficassemos a fosforescer
o ir delicado das mulheres,
em um sublime vai e vem
de silhuetas acesas...?

E...se ficassemos parados,
esquecidos, ausentes
esperando pela parte finita das horas?

Ou... Ou se...
Se nós apenas estivessemos?

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O arder da febre em ópio !

Desabrocham as nuvens
ao encanto das oliveiras,
enquanto se medram os corpos.
Se medram os vícios.
O desejo.

Eu quero tocar o corpo
E perceber o quanto treme a pele.
Sim, eu quero o cheiro.
O hálito da boca.

Sentir o quente dos olhos
O arder da febre em ópio!
O deitar simultâneo das vontades.
Balbuciar o cabelo ao toque das mãos.

- Inflama comigo!

A música ao fundo...
Embalando a casca, com cheiro de oliva.
Sim, eu quero, o Suor
escorrendo por dentro da veia.

Queima o que arde em febre,
ao toque dos pés descalços,
de mãos dadas,
enquanto se mistura a libido
no calor preto e branco de suas cores!


                                                                               à Dani Santos,
                                                                                                a namoradinha cajuína.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Em deleites de noites cruas

E vou assim...
me escorrendo por entre
as partes que me caibo,
por dentro do chão,
na parte dura do chão!
Silêncio!
Quero ouvir o arrepio
penetrado do sussurro,
enquanto me pego a morrer
na ressaca turva
do mar que entranha.

Em deleites de noites cruas,
vou me escorrendo
por entre ruas de ardor
sem fuga.
E me deixo em samba,
penetrar a veia,
no meu enquanto
de quimeras vaidades.

E vou assim...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O silêncio em preto da noite

Somente a luz acesa do poste
testemunha o silêncio em preto da noite.
Devagar, à beira da calçada
Respirando, melindrando, tragando
a parte murcha do ar.
Estou eu, um badameco
a frente do porvir
esperando que o corpo caia
dentro de cada sobras de riso.
Dentro de cada copo,
desejo então descorar
o silêncio em preto da noite.
Dentro de cada gole, ardo.
E finjo. E bebo. E plasmo.
Retalho em postas
os desdizeres de minhas mágoas
e me ponho a vislumbrar o ócio
enquanto finjo. E bebo. E plasmo.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Acima da Desolação

Acima da desolação
Dorme a noite em transe
Inérte. Infértil. Acesa
Me embala então esse
caos afoito,
esse arbítrio livre
de mesmices tolas.

Sob o céu,
de onde partem
o sul e o norte
de enseadas vontades,
Quasímodos cantarolam
o corte da cana,
o chão suado,
a pele dura,
...o amor...

Acima da desolação
o Cânhamo sentido
versos e valsas
e as trovas mesmas
e o arbítrio sádico.

Sob o sol
a Cana.


                                                                          Recife-Rio de janeiro

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

...No ébrio dos olhos postiços

...Na varanda,
no vai e vêm da rede
ouço o barulho
sem cheiro da chuva,
enquanto o leve do sono
me abarca em olhos postiços.

e na saudade,
no vai e vêm da rede
no enquanto quente
toque das mãos,
o ar sentido da boca
respira, inspira
na volúpia ébria
que os olhos devassam;


na pele
o arrepio sem tons
de cores
se embaraçam
ao suave, áspero,
sem som da língua.


E nesses pequenos pedaços
de vícios imaculados
em telas aquarelas
vão os regalos
se partindo em manhãs
frescas de tinta.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Me Entardam Os Carnavais

E daqui do alto
me entardam
o ar pálido
de vitrais sem nexo
e no balanço
toque do ar
me penetro
por vielas surdas
me espremo
por ladeiras mudas
ao som dos atabaques,
escravos
do maracatu sem alforria,
rostos se censuram
na alegria
da noite que enfim se parte...

E daqui debaixo
no avesso toque
polido do ar
me ignoram as serpentinas
sob murais de metáforas riscadas.
E na cadência de ladeiras, vielas
pés descalços,
sob a alforria do dia,
se penetram a dentro os carnavais.



                                                                        Recife.

domingo, 2 de janeiro de 2011

entre fuligens artificiais

Não quero junto aos dias
Ser embebido pela alcova do tempo
Nem ecoar em espectro
De pele gasta,
por entre as paredes
de ferrugem fresca.

Quero o ar puro
ardido em febre
enquanto o jazz finge
não ser uma lavadeira
de beira de rio.

entre fuligens artificiais
os dias se esfarelam
por sobre vitrines melancolias.

enquanto desce pela garganta
o tédio amargo
vou me escorando entre
dias e canções
que se minguam à pequenos folks.

e entre fuligens artificiais
vão as cores se perdendo em cinza

e entre tragos de conhaque
engasgo na embriaguez
ácida do meu fígado.