sábado, 30 de julho de 2011

Lá estão eles, sob o gozo e as marquises

Lá estão eles, paridos do artífice concreto
ao barato às esquinas
se consumindo aos montes
se bulindo aos montes
se bocejando ao mesmo ar.

Poeira, pólvora
mãos em vãos destinos
Ruas a janelas
a se promiscuizar em falsidade ideológica.

Um dia perguntei
se ninguém se incomodava
com as semividas
que se deliravam às marquises.

me sorriram miúdo
me olharam vendidos
me poetizaram
me disseram "não".

então o dia finda
morre esvai se cala
eu me calo me esvaio
me findo deito.

e do alto me masturbo
sob muriçocas saúvas
abastados abolidos
narcisos gente.

e me gozo
um entristecer pálido
vil mesquinho lambuzado
tímido satisfeito.

-Noite leve pra ti ó moço!

enquanto nitidamente
lá estão eles
a se consumir se bulir
se bocejar nas esquinas de um real

e eu no quarto semigozo
e eles nas esquinas semivida.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Basta-me ter luz nos olhos!

Eu já não aguento mais desdizer
esse mel na cachaça
Esse arder de sol sem gosto
vasos de plantas sem jardins
e flores murchas
que eu insisto em mal regar.

E no calado de luz caída,
o sorriso se evadindo à janela,
no véu de lua, azul poente
carne ventre pele carma
e sonhos de libido em papéis de bolso.

e esse mel na cachaça...
Valei-me o cigarro,
agora aceso
a embotar a solidão sincera
sob a ausência nua
que se esparrama a cama

e esse mel na cachaça a embebedar
esses nossos dias
tão mais além de nós mesmos.

Valei-me, agora, a língua
brincando
o verbo calado
e a luz nos olhos,
agora, a me bastar!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A poesia O murcho O azedo

Sob a luz neon do bar
esvaem prematuros
os primeiros goles
etílicos do Rock n' blues

Invade-me respira-me
em ardidas doses de cinza chumbo.
Em olhos de cor acesa
o ocre o verde quase musgo
das paredes sem vento.

O ar não mais
a me penetrar
O rock n' blues...
O cigarro pelo filtro..
As vozes todas...

O girar descascado do teto...
O vômito...
O cheiro...
- é conhaque!

O vômito...
O cheiro...
- é conhaque de alcatrão!

Narcisei-me na água-urina
que o chão traga.
Sob a luz neon do bar...
A poesia O murcho O azedo.