sábado, 4 de fevereiro de 2012

Entre o ronco e a chuva!

Quando chove e ronca trovoada
mamãe diz que é papai do céu,
em cima da nuvens
arrastando os móveis. Tá dando faxina!

Mas, quando chove,
e cai um relâmpago...
Isso é só relâmpago mesmo,
não tem outro nome ou encantamento.

O que sei da verdade
vem do cheiro da terra da tarde molhada
da saudade do cheiro
da criançada suja de barro
esperando o macio alaranjado
do pôr-do-sol
entre chuvas de tanajura
e bolhas de sabão no cabo da mamona.

O que sei da verdade
vem do medo do tempo
Medo de não tentar mais as nuvens,
enquanto corria de braços abertos
imitando avião!
Medo do balanço
enferrujar embaixo da mangueira, sozinho!
Apenas com o silêncio do vento
O assovio silencioso do vento...

Meu medo não vem do ronco da trovoada
ou relâmpago sem outro nome,
Meu medo!
Meu medo é de subir no alto da cerca
e não ver mais a vida, que tá tão lá fora...
Que tá tão do lado de fora!