sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Um Céu... de Metafísicas!?

Um céu... de Metafísicas!?

Sim, desejo um céu
de madrigais insolúveis
Um céu de carcaça árida
de Peiotes mastigados
que me maravilham os olhos.

Sim, desejo um céu
de esperanças incertezas
Um céu débil
de pequenas miniaturas
que se mesclam ao vácuo.

Sim, desejo um céu
um céu embrulhado, desbelotado
expelido em fumaça, algodão
alfazema sem cheiro.

Desabrochado, embebido
sucumbido, destilado.

Sim, desejo um céu
de subterfúgio sublingual
um céu que me drene a veia
enquanto mancha a borda do copo

Um céu que me caiba
sem abstinências
um céu de improvisos de blues
descalços.

Um céu...
sim, desejo um céu
um céu que seja. Sem ser.
Sem náuseas...
Sem deus.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Solares em branco e preto

O Sol escalda o rosto,
nos doura em sorriso largo.
Por consonância harmônica
nos abrasa a pele em pêlo
enquanto o inesperado do dia
nos derrete
em pequenos goles de ventura.

Nossos corpos,
pequenas luzes de neon,
pendurados no infinito
de abraços prematuros;
Nossa cara suja
nos condena ao silêncio roto
de pensamentos ásperos.

...E os beijos de saliva seca
se esfumam em branco e preto
ao Sol...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Por trás do olhos

Atravesso a rua
sem perceber o enquanto da saudade.
Deixo pra trás o cigarro aceso,
a luz acesa, os cheiros antigos,
os instantes que já não mais o são.

Por trás dos olhos
deixo cair
o lado avesso
de nossos Narcisos.

Por trás dos olhos
se debruçam em cores
os esquecidos de alguém.

Por trás dos olhos
vejo a voz soluçar
o breve das palavras ocas:
Sóbrias...ou...Ébrias...

domingo, 5 de dezembro de 2010

AMOFINAR

Amofina o corpo em cólera
morfina:
dor sem tédio.
Sem aviso,
vamos morrendo
ao som noturno
dos atabaques de umbanda.

À noite
ao gosto do café amargo
se perguntam os olhos,
onde é agridoce
a rotina de não estar
em lugar algum.

Sem culpa a lingua é meio
então corrói-me
em pequenas abstrações
o cuspe; ácido; porquês
nossos, ser levianos
enter lençóis, casulos,
entre o nosso antes de existir.

Então se finda
a noite muda,
partindo ao seio
o veludo da língua
Amofina o corpo em cólera
Morfina...