sexta-feira, 19 de junho de 2015

Em cada copo que se vira

Em cada copo que se vira
Uma desventura ao incerto
Se ejacula!

Dá-se pouca vergonha à carne,
E boa índole aos santos que maculam.
A paz terá a vela nos cultos;
Aos exus, padês e charutos.

E ao ser que nada vale
Dar-se-á fé

Como fonte de iluminuras!

Rezas, vozes e sinas



O nome meu que é tão pequeno
Perto de tudo que tem nome
Tudo é tão grande e infinito
Bonito,
Bobagem.

Um sorriso grande
A porta abre
Um silêncio
Quando a morte almeja
A vida meu sussurro breve
Propaganda de anunciação!

Meu pronome nome
Tão pequeno
Um verso imerso
Na putrefação.

A palavra noite agora chega
Enquanto o dia se amofina
Numa ciranda de saudade,
Tão sem nome
Tão sem rima.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Não sei reciprocar

Não sei reciprocar!
que revolta dentro de mim eu tenho
não sei reciprocar!
Ai de mim!
Quem sabe um dia,
quem vai saber um dia
eu aprenda com o silêncio
a arte de reciprocar!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Descolorindo

Tudo em volta se descolorindo,
perdendo a suavidade.
Como tem sido noite por aqui!
- Mas é aqui...
- Aqui dentro...
dentro das reticências diárias
dentro do corpo envolto em pele,
uma pele áspera
como uma calça suja.
É isso!
- Uma calça, de pano azul, suja!
Tudo se descolorindo ao tom
das palavras breves,
da brevidade da cachaça ardida
queimando a garganta suavemente,
aquecendo a pele pra depois arrepiar.
Tá tudo dentro de mim
como um grande enterro
à luz de velas.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Inacabada

Lá vem ela,
a moça que passa.
E passa sem deixar perfume.
É um cheiro tão ausente,
parece que acabou de nascer
espantando dela o medo
de sentir o falso cheiro
de pureza do mundo.

E o cheiro de botequim?
Parece cheiro inacabado.
Cheio de metades e cerveja barata*
gente barata e de cor abstrata.
De repente, gargalham.
Desesperadamente!
Estão envenenadas,
e se entreolham.
e não entendem
a despedida, ida
de quem foi e
se perdeu na ausência
inacabada das cores de Agosto.
(é um olor despudorado e seminu,
parece que tem asa e envaidece).

O cheiro das moças, em Agosto,
é diferente, tem calor!

E o cheiro de botequim?
- parece cheiro inacabado!


                 *referente ao trecho da poesia de Dani Santos "solilóquio ou tanto faz, mas com gelo ou limão"
                          http://poemices.blogspot.com.br/2010/12/soliloquio-ou-tanto-faz-mas-com-gelo-e.html

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Não há de ser nada...

Não há de ser nada
e o que há, haverá de ser consolo.
Merda de consolo!

flores, alcaloides, stress,
bipolaridade, medo, abandono,
bullying, pedofilia, pederastia,
compreensão,corrupção, verniz social,
politicamente correto, altismo,
fome, sede, magreza, raquitismo,
anorexia, bulimia, anorexia alcoólica, bulimia alcoólica induzida,
vômito, mais mais mais...
insônia, transtorno do sono, transtornos,
polícia, política, frango, faisão, genética,
vida em marte, sem vida em marte
água em marte, sem água em marte
geleiras, sem geleiras, aquecimento,
bio isso eco aquilo
Quem sabe...
TPM, TOC, AVC, EQM
deus quis assim!
só ele sabe a hora!
escreve certo por linha tortas!

Não há de ser nada
e o que há, haverá de ser consolo.
Consolo Social


quinta-feira, 21 de junho de 2012

É sobre o tempo


A luz se esvaindo
caprichosamente...
Enquanto ela morde os lábios,
eu espero, e fumo...
Não! Não fumo mais.
Nossa! é tudo tão rápido
austero, inexequível.
O tempo.
Esqueci-me o relógio
Os ponteiros. A bateria.
Ela morde os lábios...
Um cigarro. Não!
Não fumo mais.
Só mesmo o tempo
e ela, a parte mais breve do orvalho.
e a boca sem saliva. 
Nossa!
foi tudo tão premeditado.
Os discos, os papéis de cigarro,
a sede mesmo tendo cachaça.
Nossa!
Foi tudo tão efêmero,
que até o tempo morrera  na ponta do orvalho
ilimitável e sozinho.