sábado, 26 de fevereiro de 2011

O arder da febre em ópio !

Desabrocham as nuvens
ao encanto das oliveiras,
enquanto se medram os corpos.
Se medram os vícios.
O desejo.

Eu quero tocar o corpo
E perceber o quanto treme a pele.
Sim, eu quero o cheiro.
O hálito da boca.

Sentir o quente dos olhos
O arder da febre em ópio!
O deitar simultâneo das vontades.
Balbuciar o cabelo ao toque das mãos.

- Inflama comigo!

A música ao fundo...
Embalando a casca, com cheiro de oliva.
Sim, eu quero, o Suor
escorrendo por dentro da veia.

Queima o que arde em febre,
ao toque dos pés descalços,
de mãos dadas,
enquanto se mistura a libido
no calor preto e branco de suas cores!


                                                                               à Dani Santos,
                                                                                                a namoradinha cajuína.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Em deleites de noites cruas

E vou assim...
me escorrendo por entre
as partes que me caibo,
por dentro do chão,
na parte dura do chão!
Silêncio!
Quero ouvir o arrepio
penetrado do sussurro,
enquanto me pego a morrer
na ressaca turva
do mar que entranha.

Em deleites de noites cruas,
vou me escorrendo
por entre ruas de ardor
sem fuga.
E me deixo em samba,
penetrar a veia,
no meu enquanto
de quimeras vaidades.

E vou assim...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O silêncio em preto da noite

Somente a luz acesa do poste
testemunha o silêncio em preto da noite.
Devagar, à beira da calçada
Respirando, melindrando, tragando
a parte murcha do ar.
Estou eu, um badameco
a frente do porvir
esperando que o corpo caia
dentro de cada sobras de riso.
Dentro de cada copo,
desejo então descorar
o silêncio em preto da noite.
Dentro de cada gole, ardo.
E finjo. E bebo. E plasmo.
Retalho em postas
os desdizeres de minhas mágoas
e me ponho a vislumbrar o ócio
enquanto finjo. E bebo. E plasmo.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Acima da Desolação

Acima da desolação
Dorme a noite em transe
Inérte. Infértil. Acesa
Me embala então esse
caos afoito,
esse arbítrio livre
de mesmices tolas.

Sob o céu,
de onde partem
o sul e o norte
de enseadas vontades,
Quasímodos cantarolam
o corte da cana,
o chão suado,
a pele dura,
...o amor...

Acima da desolação
o Cânhamo sentido
versos e valsas
e as trovas mesmas
e o arbítrio sádico.

Sob o sol
a Cana.


                                                                          Recife-Rio de janeiro