sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

...No ébrio dos olhos postiços

...Na varanda,
no vai e vêm da rede
ouço o barulho
sem cheiro da chuva,
enquanto o leve do sono
me abarca em olhos postiços.

e na saudade,
no vai e vêm da rede
no enquanto quente
toque das mãos,
o ar sentido da boca
respira, inspira
na volúpia ébria
que os olhos devassam;


na pele
o arrepio sem tons
de cores
se embaraçam
ao suave, áspero,
sem som da língua.


E nesses pequenos pedaços
de vícios imaculados
em telas aquarelas
vão os regalos
se partindo em manhãs
frescas de tinta.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Me Entardam Os Carnavais

E daqui do alto
me entardam
o ar pálido
de vitrais sem nexo
e no balanço
toque do ar
me penetro
por vielas surdas
me espremo
por ladeiras mudas
ao som dos atabaques,
escravos
do maracatu sem alforria,
rostos se censuram
na alegria
da noite que enfim se parte...

E daqui debaixo
no avesso toque
polido do ar
me ignoram as serpentinas
sob murais de metáforas riscadas.
E na cadência de ladeiras, vielas
pés descalços,
sob a alforria do dia,
se penetram a dentro os carnavais.



                                                                        Recife.

domingo, 2 de janeiro de 2011

entre fuligens artificiais

Não quero junto aos dias
Ser embebido pela alcova do tempo
Nem ecoar em espectro
De pele gasta,
por entre as paredes
de ferrugem fresca.

Quero o ar puro
ardido em febre
enquanto o jazz finge
não ser uma lavadeira
de beira de rio.

entre fuligens artificiais
os dias se esfarelam
por sobre vitrines melancolias.

enquanto desce pela garganta
o tédio amargo
vou me escorando entre
dias e canções
que se minguam à pequenos folks.

e entre fuligens artificiais
vão as cores se perdendo em cinza

e entre tragos de conhaque
engasgo na embriaguez
ácida do meu fígado.