sábado, 29 de outubro de 2011

Amarelo, amarelado.

Sob esta manhã cinza
deixei meu corpo cair brevemente,
meu pequeno corpo ausente de tudo.
Amarelo, amarelado, caído,
Amarelado são os olhos,
o pâncreas, o fígado, o riso.
Caído, inerte, puído.
O mundo está amarelo,
cigarro filtro amarelo aceso.
A solidão está acesa,
Alheio está o silêncio à frente
do verbo prolongado, cansado,
conjugado em terminação -er:
ser
vencer
escorrer
nascer
crescer
morrer.

Os sonhos estão morrendo
em versos escorridos,
os vícios escorrem as ladeiras vãs
enquanto meu corpo cai brevemente,
amarelo, amarelado.
Minha boca tem gosto de café
e o cheiro de terra molhada
vai me entardecendo.
Tenho pés descalços
e um silêncio perdurado.
Tenho sobras, rascunhos e alma.

Esta manhã
sentei-me à varanda
e vi o céu morrer
amarelo, amarelado.