terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nossos dias, foram dias atrás...

Nossos dias, foram dias atrás...

fomos sós, somente nós
normalmente nus
nos bulindo à Almodóvar,
nos sentindo carne
na mescla verde-oliva
de tapetes, sofás e comida.

Lembro de me ter sonhado sóis
e do olhar permissivo
das palavras de Neruda!
Dignidade:
De soslaio, ela está nua
e eu digno do rubor de sua palidez.

Despia-se com a inocência
de quem pede um cigarro
e fuma-o com sorrisinho
de quem traga saudade
daquilo que um dia foi
apenas um aceno de adeus.

nossos dias, foram dias atrás...

gememos com comprazia, um pouco
pedimos vida emprestada um ao outro
nascemos por instantes, soltos
baforamos cigarros, loucos
e nos sujamos, silenciosamente.

e nossos dias, foram...

Ao som das páginas viradas dos livros,
voltou-se ao receio dos dias insossos
amordaçou-se num silêncio limpo
e deteve-se a olhar-me em julgo,
carpiu-se num choro chocho
cuspiu-me à boca sorrindo súbito.

E... sem mais tardar
levantou-se, livremente
vestiu-se, lindamente
olhou-me, brevemente
beijou-me a testa, honestamente

e saiu assim, indo assim. Infinda...

3 comentários:

  1. Memória...
    Você retratou bem uma situação intensa, até o fim.
    dizer mais o quê? tudo aqui é intensidade mil!

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  2. E o que é o amor, se não um rompante de excitação seguido de uma dor de saudade?

    Ficou ótimo,
    você sabe,
    não vou ficar pagando
    rs.

    Abraços Rapaz.

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  3. A gênese do "Menage" já saiu da menarca. Tá difícil, cruel e escandaloso. Pretendo escatalojicar, santificar, sacrilejar, burlar o sensual e o romanesco.
    O amor e o sexo não têm porra nenhuma de fio tênue que os unam ou separem; não são remissíveis.
    Que você, Dani e Ana deplorem-me de vez.
    Depois, procurarei a redenção eterna.

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