sexta-feira, 22 de julho de 2011

Basta-me ter luz nos olhos!

Eu já não aguento mais desdizer
esse mel na cachaça
Esse arder de sol sem gosto
vasos de plantas sem jardins
e flores murchas
que eu insisto em mal regar.

E no calado de luz caída,
o sorriso se evadindo à janela,
no véu de lua, azul poente
carne ventre pele carma
e sonhos de libido em papéis de bolso.

e esse mel na cachaça...
Valei-me o cigarro,
agora aceso
a embotar a solidão sincera
sob a ausência nua
que se esparrama a cama

e esse mel na cachaça a embebedar
esses nossos dias
tão mais além de nós mesmos.

Valei-me, agora, a língua
brincando
o verbo calado
e a luz nos olhos,
agora, a me bastar!

3 comentários:

  1. Expressividade...

    "Valei-me o cigarro,
    agora aceso
    a embotar a solidão sincera
    sob a ausência nua
    que se esparrama a cama"

    Um dia você me disse que um poema meu coincidia com algo que você sentia, agora é minha vez.
    assim é
    abraços

    ResponderExcluir
  2. "Um café, um cigarro, um trago, tudo isso não é vício; são companheiros da solidão (...) E quem é que vai pagar por isso." (Lobão)

    ResponderExcluir
  3. basta-nos os sorrisos torpes, os dentes tortos, os dias empoeirados... a vida escorrendo nos bares sórdidos, vida-copo, vida-corpo sem fim ou começo. onde começamos? por qual solidao desliza nossas bocas sujas?

    ResponderExcluir