terça-feira, 28 de junho de 2011

Vai saber...

Hoje morreu alguém.
Morreu hoje o filho de alguém
Esposo, pai, sobrinho, primo
Vai saber.

O céu hoje avisa,
sem porvir de anunciação
ou nota de falecimento.
- morreu alguém.

Homicídio, toxoplasmose
engasgado, suicídio
desgosto, infarto...
Vai saber.

Hoje alguém deixou de ser
sorrir brincar ter medo

Hoje alguém chorou
esposa, mãe, sobrinha, prima
Vai saber.

Hoje morreu alguém...
Morreu hoje o filho de alguém...
Por hoje, alguém deixou
de sorrir brincar ter medo...

Vai saber...

7 comentários:

  1. Todos os dias.
    Domingo, morreu alguém
    Quem chorou fui eu.

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  2. Por esses dias fui a um enterro. Um pastor leu uma mensagem da bíblia que diz que é melhor estar de luto do que estar em festa, no luto a gente pensa sobre a vida, sobre o que importa, sobre o tempo que nos é dado. Todo dia, várias mortes na televisão, todas distantes. Quando a morte passa perto, a gente pensa.

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  3. Olá Francisco!

    Não tenho dúvida de que nossos escritos nos conectam. Conectam, não por aperto de mãos ou algumas conversas, mas nos conectam pelo pensamento atrás do pensamento, pela palavra atrás da palavra. E aqui é a morte que nos ronda. a morte de quem, morte do quê, ou simplesmente a morte. Uma coisa sem definição precisa, um sentimento dos mais estranhos...

    Estranho que, essa morte distante, esse conhecimento de que todo dia alguém morre, é um conhecimento tão vago que acaba nos aproximando do vagão da morte. Gostei de suas reflexões.
    Perdoe-me as interpretações, são, na verdade, impressões...

    Abraço!

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  4. "eu já não sei o que mata mais, o trânsito, a fome ou a guerra" (Zé Geraldo)... sei que a morte é uma coisa natural, e todo mundo um dia se vai. mas puta merda como isso dói.
    Simples, claro e direto Francisco... hoje morreu alguém!!

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  5. talvez a morte sirva para mostrar que é importante viver, sorrir, chorar, ter medo...
    vai saber...
    enquanto isso mais uma pessoa morreu.

    muito bom seu estilo. bela mistura de palavras, de sentimentos e de percepções.

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  6. Morremos todos os dias, meu caro! Todos os dias, eu me deparo com a morte andante, sedutora, e você sabe melhor do que eu o tipo de inferno é a tentação do capeta! huuaauhahuahua

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  7. Caminhos e descaminhos, portas que se abrem e se fecham, Fran. e quanto de nós, no anonimato de nossos dias, sorrimos a essa estranha que vem embalar nossos passos?

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