quarta-feira, 20 de abril de 2011
SAUDADE EM CHUVA
chove como chove
a noite inteira o dia todo
chove como chove
e não para de chover
e na varanda lá de casa
disfarço-me em sorrisos
pois a lembrança bate lenta
na saudade
e no peito, pranto doce
vira grito
que se prende na garganta
no silêncio de domingo
e é na mesa da cozinha
com o almoço já servido
que o tempo para
no vazio da cadeira
e no barulho
quase lúcido que se fez na telha
a chuva me lembrou que ainda
chovia e não parava de chover.
à Yolanda Casa Nova,
minha eterna vovó Landa,
saudades infindas sentidas
partidas aos sorrisos nossos!
sábado, 16 de abril de 2011
Agora: o dizer do silêncio
Agora sei dizer o silêncio
e sei sorver a periclitancia da angustia,
mas, devo insinuar
que o que me move é o sentido
gosto da terra
Debulhar o trigo
e copular ao sexo,
no sabor dançante
que a terra uiva.
Vão indo as notas musicais
a violar meus celestinos, marias
e morte severinas
ao labor que a mão se cansa
- tenho as mãos sujas!
E quando o ardor transbordar
a poeira azular,
que a chama em transe respira,
vai à pequenez, nossa de cada dia
a se perder no assovio verde olhar
dum rosto magro
que a morte ronda.
Eu tenho pensado na terra,
no sexo, nas macumbas,
na nódua que se escorre aos poros,
no cheiro de goiaba*
e no coração amarelo*
Agora sei dizer o silêncio
e sei engolir em silêncio
a tosse ardida da cachaça.
*cheiro de goiaba-gabriel garcia marquez
*coração amarelo-pablo neruda
e sei sorver a periclitancia da angustia,
mas, devo insinuar
que o que me move é o sentido
gosto da terra
Debulhar o trigo
e copular ao sexo,
no sabor dançante
que a terra uiva.
Vão indo as notas musicais
a violar meus celestinos, marias
e morte severinas
ao labor que a mão se cansa
- tenho as mãos sujas!
E quando o ardor transbordar
a poeira azular,
que a chama em transe respira,
vai à pequenez, nossa de cada dia
a se perder no assovio verde olhar
dum rosto magro
que a morte ronda.
Eu tenho pensado na terra,
no sexo, nas macumbas,
na nódua que se escorre aos poros,
no cheiro de goiaba*
e no coração amarelo*
Agora sei dizer o silêncio
e sei engolir em silêncio
a tosse ardida da cachaça.
*cheiro de goiaba-gabriel garcia marquez
*coração amarelo-pablo neruda
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Meu, Seu, Girassóis
Tenho girassóis,
café e cigarros.
Tenho notas imprecisas
de nomes sem nomes.
rabiscos. canudos. alfinetes.
Tenho um talvez
de beijos partidos,
em boca. sangue. suga
tenho em mim um vadio,
ao enquanto cor de fumo,
um pré-molar dolorido
e um dedinho de prosa dentro dum copo!
Ela tem notas cruas
de poesias sen rima
guardanapo. colibrís. colírio
ela tem goles de cerveja barata,
flores no jardim. vestido sem flor. caracol no cabelo.
Ela tem uma gaita,
um blues sem bis,
uma corda sem nós!
e persianas abertas pros meus girassóis.
café e cigarros.
Tenho notas imprecisas
de nomes sem nomes.
rabiscos. canudos. alfinetes.
Tenho um talvez
de beijos partidos,
em boca. sangue. suga
tenho em mim um vadio,
ao enquanto cor de fumo,
um pré-molar dolorido
e um dedinho de prosa dentro dum copo!
Ela tem notas cruas
de poesias sen rima
guardanapo. colibrís. colírio
ela tem goles de cerveja barata,
flores no jardim. vestido sem flor. caracol no cabelo.
Ela tem uma gaita,
um blues sem bis,
uma corda sem nós!
e persianas abertas pros meus girassóis.
domingo, 3 de abril de 2011
Sem por aí...
Por ai...me vou, ao acaso,
destilando e me embebendo
da comprazia ébria
sem alcalóides dos loucos.
Por ai... me vou, ao amor,
que me finjo não estar,
em riso pequeno, em medo da chuva,
em boca miuda, apenas me vou.
Por ai... me vou, a merda!
consumindo a pasmaceira
escarnada, que me sobra em silêncio!
Por ai... me vou, ao puro
e me deixo ir, ao afogue das águas,
aos soluços insones, aos cheiros secos,
sem éter ou céu!
Sem por aí,
ou porvir que me falte,
sem que me arda a noite,
vou a febre!
destilando e me embebendo
da comprazia ébria
sem alcalóides dos loucos.
Por ai... me vou, ao amor,
que me finjo não estar,
em riso pequeno, em medo da chuva,
em boca miuda, apenas me vou.
Por ai... me vou, a merda!
consumindo a pasmaceira
escarnada, que me sobra em silêncio!
Por ai... me vou, ao puro
e me deixo ir, ao afogue das águas,
aos soluços insones, aos cheiros secos,
sem éter ou céu!
Sem por aí,
ou porvir que me falte,
sem que me arda a noite,
vou a febre!
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