quarta-feira, 16 de março de 2011

Azul Nublado

Nesse dia azul nublado
seguem os transeuntes a respirar um céu grosso
e na ausência cor de cinza,
que se perdem à mingua os olhos,
se diluem por ruas sem cheiro.

Eu não estou aqui
para vê-los embassasr o reflexo em vidro
nem pra coisa alguma
que se exista sem ver.

Nesse dia azul nublado
seguem os transeuntes a espreitar a chuva miúda
a sentir a brisa rala
a tocar o silêncio dos olhos
que não mais marejam o chumbo.

Eu não estou aqui
pra vê-los engasgar em bocas sem riso
Eu me perdi por aí
quando não mais me precisei estar.

6 comentários:

  1. Curioso teu poema, cheio de amargura e flexibilidade. A cidade não pára...

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  2. a vida correndo, o dia se refazendo na marcha apressada e inquieta de quem apenas passa. e as marcas, os delírios, o grito fundo a áspero na garganta? e o gosto do enquanto? só para os que ardem.

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  3. gostei do poema !

    e srespondendo sobre o meu texto.. sinceramente, não pensei em uma continuação para ele.
    estou seguindo.. segue de volta?
    um grande abraço.

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  4. Intenso.
    "Eu me perdi por aí
    quando não mais me precisei estar."

    Existem dias assim... Meros observadores dessa vida onde tudo ao mesmo tempo agora acontece.

    Bejo

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  5. Olá!

    Você tem passado lá pelo meu blog. Desculpe, mas estive um tempo na minha, sem fazer muitos comentários. Mas com a primeira poesia que leio aqui já me detenho um momento após terminada a leitura, e sentindo um ar como uma densa neblina que paira, volto e leio-a de novo, na tentativa de nomear meu sentimento.

    Me identifiquei com essa poesia. De um observador que não viu nada, que descreve sem querer falar de.

    Abraços!

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  6. Aqui, uma chuva miudinha a tocar sil~encios nos olhos, refletindo o seu poema nas gotas que caem... lindo demais. parabéns.

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